Identidade Camiliana

São Camilo de Lellis (1550-1614) foi um religioso italiano que criou a “Ordem São Camilo”. Nasceu em Bucchianico, cidade do reino de Nápoles, Itália, no dia 25 de maio de 1550. O parto de São Camilo foi muito difícil, seus pais já haviam passado da idade de ter filhos, mesmo assim nasceu saudável e foi a alegria e realização da família. A mãe Camila educou o menino até os 13 anos, quando faleceu. Então, Camilo passou a viver somente com o pai.

O pai era viciado em jogos, tornando-se uma péssima influência para o menino. Sua vida era desregrada, não parava em emprego e, como militar, vivia mudando de quartel, pois perdia tudo em jogos de azar.

Aos 19 anos, seu pai faleceu, deixando-lhe como herança sua espada e seu punhal. Nesta época Camilo já era conhecido pela sua força e por seu temperamento violento; a morte de seu pai acentuou ainda mais sua raiva, passando também a viver de jogos.

Nessa altura de sua vida, se deparou com um frade franciscano, que na melhor intenção se aproximou sem medo de Camilo e, conversando com ele, reconheceu o sofrimento e a bondade que existia em seu coração.  Encantado com a conversa, quis entrar para a Ordem dos Franciscanos, sendo barrado devido a uma ferida enorme no pé. Por este motivo foi enviado para receber tratamento em um hospital, quando teve um triste diagnóstico: a ferida era um tumor que não havia cura, mas havia tratamento para diminuir os sintomas.

Como Camilo não tinha condições financeiras para o tratamento, ofereceu sua força de trabalho para pagar o auxílio, mas novamente o vício do jogo atrapalhou tudo, e ele se afundou novamente.

Andando pela rua sem trabalho, dinheiro e sem rumo, obteve uma visão a qual não contou para ninguém do que se tratava, e ela foi a responsável pela mudança em sua vida. E assim, com 25 anos, foi convertido.

Novamente, pediu para ingressar na Ordem Franciscana, mas sua ferida estava ainda pior, por isso não foi aceito. Ofereceram-lhe, pois, a internação no mesmo hospital, no qual o tratamento foi bem diferente da primeira vez que passara por aquele lugar.

Camilo passou a cuidar de todos os doentes como se cuidasse de si mesmo, amando respeitando e ouvindo a todos. Transformou-se em um homem amoroso, passando a enxergar a todos como o próprio Cristo; amava-os como filhos e espalhava a fé cristã por onde passava.

Observando atentamente as privações que os pobres doentes sofriam, em 1582, Camilo começou a procurar pessoas que aceitassem socorrê-los, criando uma Irmandade que teve o apoio do Papa Sisto V. Os primeiros irmãos eram leigos, mas logo em seguida alguns sacerdotes se juntaram à Irmandade. Adquiriram uma casa, onde moravam em comunidade. A Irmandade deu tão certo que em pouco tempo Camilo teve que abrir novos Institutos na Itália, Sicília e outras partes da Europa. Seguindo ainda o conselho de São Filipe Nery e o exemplo de Santo Inácio, apesar de seus 32 anos, voltou ao estudo e foi ordenado Sacerdote.

São Camilo atraiu milhares de pessoas que queriam segui-lo, e, com a ajuda de são Filipe Néri, foi criada a Ordem dos Camilianos, que o ajudou inclusive com a aprovação do Vaticano.

Por ocasião da peste em Roma, embora doente e sofrendo dores horríveis no pé, ia de casa em casa, procurando, socorrendo e consolando os pobres doentes. Numerosos são os casos em que foi visto levando nas costas os doentes ao hospital, onde os tratava com a maior dedicação. Quando a peste chegou em Milão e Nola, Camilo acompanhou-a levando consigo a caridade e o zelo apostólico. Muitos doentes recuperaram a saúde só pela palavra e oração do Sacerdote. Em 1591, o Papa Gregório XIV reconheceu a Irmandade como uma Ordem Religiosa.

Camilo era humilde e, por causa da humildade era muito querido em Roma. Chorando sempre os pecados da mocidade, dizia-se indigno de morar entre os homens e ser merecedor do inferno. Palavras de elogios entristeciam e irritavam o sacerdote. Não permitia que o chamassem fundador de uma Ordem. Camilo era caridoso para com os outros e severo para consigo.

Muito doente e desenganado pelos médicos, Camilo recebeu o Santo Viático das mãos do Cardeal Ginnásio, protetor da Irmandade. Vendo a sagrada Hóstia disse, com lágrimas nos olhos: “Alegro-me por me terem dito que entrarei na casa do Senhor. Reconheço, Senhor, que sou dos pecadores o mais indigno de receber vossa graça”. Faleceu em Roma no dia 14 de julho de 1614.

Enquanto os médicos preparavam seu corpo para o sepultamento, perceberam que a úlcera de seu pé havia desaparecido. Em 1746, foi canonizado pelo Papa Bento XIV e declarado padroeiro dos enfermos e dos hospitais.